Pode considerar esse artigo como sendo "O CÉREBRO" - Parte 2 - O nosso cérebro é muito mais ajuizado, sabe o que faz, não se importa com nossos caprichos e confirma a teoria de que a Natureza se auto protege, se regenera, procurando o equilíbrio sempre..
É mais ou menos de opinião geral que nossa memória enfraquece principalmente à medida que nossa idade avança, principalmente quando vamos nos adentrando na velhice. Também se tem a opinião de que ela fica sobrecarregada por uso excessivo. Parece então que espaços nela começam faltar para armazenar novos conhecimentos ou parece que dados nela foram apagados: por isso não nos lembramos mais de determinadas coisas. Tem-se a noção de que ela “falha”, que não é tão boa quanto antes, que sua capacidade diminui tanto em armazenar ou reter dados armazenados e coisas assim.
É isso mesmo que acontece?
Essas perguntas já me intrigaram também. As pesquisas médicas nos dizem que não, a coisa não é bem assim e que o nosso cérebro é a última coisa que se deteriora quando alguém sofre de doenças fatais e já está em estado terminal por exemplo. O cérebro se auto protege muito bem com muitos mecanismos ainda desconhecidos. E isso tem inteira lógica porque ele é o órgão mais nobre de todos no organismo, o mais importante (e não o coração como se pensa), que comanda toda vida biológica individual, inclusive no campo psíquico que nos dá a noção de auto identidade, autoconsciência de sabermos que existimos, que estamos vivos, temos o nosso “eu”, e conhecemos nossos limites no espaço e tudo mais...
Um dia resolvi então fazer uma experiência. Tentei me lembrar de todos os artistas de cinema. Fiquei mais ou menos durante duas horas procurando na mente seus nomes, seus rostos, relacionar á época em que eles atuaram etc... Durante essas duas horas de um esforço que chegou a ser extenuante, mal consegui me lembrar de uns 50 nomes dos mais famosos. Quanto mais distante é a época em que trabalharam mais difícil estava para lembrá-los... Por fim desistí, cansado do esforço mental como já disse.
O que me ocorreu a seguir foi uma enorme surpresa. Durante uma semana mais ou menos, foram aparecendo em “flash” na minha mente os nomes de artistas que tentara me lembrar naquelas duas horas, e muitíssimos outros nomes de artistas que eu já “nem sabia que existiram”apareceram também. Lembrei-me de mais de 350nomes ao longo daquela semana. Mas, eu não procurava mais lembrar-me... “já estava numa outra” como se diz... tinha “dado a experiência por encerrado e não se toca mais no assunto!”... Mas meu cérebro parecia dizer: - “Você pediu, aí está o que pediu, desculpe o atraso!”
Depois daquela semana fiquei com a sensação de que no nosso cérebro nada se perde, apenas tudo se reorganiza. Por quê então não nos lembramos no momento em que tentamos? Por muitos motivos. Dados de memória mais antigos e pouco usados são “jogados” numa espécie de “arquivo morto” do cérebro. Os neurônios que conduzem à lembrança ( trajetos de memória) acabam sendo reutilizados e se fazem novas ligações para atender necessidades mais contemporâneas, mais imediatas. Somos pessoas mal organizadas e vivemos em situações de permanente stress. Recebemos milhares de informações por dia, assumimos coisas demais para se fazer, muitas vezes acima das nossas limitações...e o nosso cérebro tem que organizar tudo isso sem reclamar!... e ele o faz!...geralmente às pressas como deve mas faz! Ele é muito mais inteligente do que se pensa!
O curioso é que parece que somos dotados de duas inteligências distintas uma da outra: a que nós usamos e a que ele, o cérebro, tem e usa. A nossa inteligência é mais bagunçada, relapsa, negligente... mas a dele é bem diferente, é precisa, muito mais lógica e organizada, não se prende a caprichos e superficialidades próprias da personalidade humana... não fosse assim, o nosso organismo seria a bangunça que somos de caráter e não poderíamos contar com a eficiência de nenhum órgão do corpo. Ficaríamos de hábito desconfiados do nosso coração, dos intestinos a nos pregar peças etc... Se o nosso cérebro é tão organizado e inteligente, e mesmo assim ficamos doentes, essa é a medida da nossa irresponsabilidade a qual tão dificilmente reconhecemos...
Então, já sabe o que fazer! Pelo menos em parte até aqui.
Ramutis Idika FR+C